Um levantamento das temperaturas no sertão de Pernambuco ao longo de duas décadas constatou um aumento no número de dias em que os termômetros beiram os 40ºC e isso teve efeitos na produção agrícola.
Pedro Silas é produtor de manga em uma área de 22 hectares, em Petrolina, no sertão pernambucano. Em 2023, colheu 990 toneladas da fruta. Ele esperava que a safra deste ano fosse ainda melhor, mas o calor intenso afetou a floração e o crescimento dos frutos. A produção caiu pela metade.
"A planta, como nós, ela se estressa e nisso diminui em produtividade. Este ano, a gente teve que aumentar as aplicações desses protetores, desse biofilme, para que a gente consiga reduzir a temperatura da planta de 3 a 4 graus. Nosso custo aumento muito, em torno de R$ 5 mil, R$ 6 mil a mais por hectare a gente vem gastando", diz Silas.
Com clima tropical e irrigação nas quatro estações, a região do Vale do São Francisco se tornou a maior produtora e exportadora de frutas in natura do país, mas as temperaturas elevadas dos últimos meses têm impactado na produtividade e qualidade dos frutos.
"A gente tem um decréscimo de aproximadamente 25% de produtividade, exatamente por questão da alta temperatura", conta o técnico agrícola Márcio Cipriano.Pesquisadores da Embrapa Semiárido analisaram os dados de 16 estações meteorológicas de 2003 até 2023. Os quatro últimos meses de cada ano costumam ser os mais quentes na região. Os pesquisadores constataram que, ao longo da última década, aumentou a frequência de dias com temperaturas máximas acima dos 39ºC.
A Universidade Federal de Alagoas (UFAL) identificou a expansão de áreas áridas no semiárido brasileiro. A desertificação atinge uma área de 282 mil km², no norte da Bahia, sul do Piauí, sul do estado pernambucano e os cariris paraibanos.
Expansão de áreas áridas no semiárido brasileiro — Foto: Jornal Nacional/Reprodução
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