Pelo menos três mulheres por semana foram vítimas das mais variadas formas de violência no Ceará em 2022, conforme estudo da Rede de Observatórios da Segurança, lançado nesta segunda-feira (6). A terceira edição do documento compilou registros de violência na Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro e São Paulo.
Em muitos casos as vítimas de agressões não denunciam os crimes à polícia, e o número real de casos de violência de gênero são bem maiores, aponta o estudo.
Crimes em casos de violência contra a mulher no Ceará registrados na Polícia em 2022
Crime contra mulher | Número de casos |
Feminicídio | 28 |
Homicídio | 27 |
Violência sexual/estupro | 31 |
Tortura/Cárcere privado/Sequestro | 15 |
Agressão verbal/ameaça | 12 |
Tentativa de homicídio | 6 |
Outros | 12 |
Transfeminicídio | 10 |
Bala Perdida | 4 |
Total por estado | 145 |
No Ceará, a maior parte das agressões foi cometida pelo cônjuge ou ex. Pelo menos seis ocorrências de feminicídios, no ano passado, foram motivadas por término de relacionamento. O estudo também aponta que pelo menos 31 mulheres foram vítimas de violência sexual no mesmo período.
Além disso, 28 foram vítimas de feminicídio, 27 vítimas de homicídio, 15 de tortura/cárcere privado/sequestro; 12 de agressão verbal/ameaça e 10 de transfeminicídio.
Motivo de femicídio
Motivações de feminicídios | Frequência |
Não informado | 38,54% |
Brigas | 21,74% |
Término de relacionamento | 14,62% |
Ciúmes/Suposta traição | 9,88% |
Crime de ódio | 7,11% |
LGBTI+fobia | 0,00% |
Outros | 5,14% |
Estupro | 0,40% |
Conflitos entre grupos rivais | 2,17% |
Policiamento | 0,20% |
Latrocínio | 0,20% |
Violência em casa
A maior parte dos registros tem como autor da violência companheiros e ex-companheiros das vítimas. São eles os responsáveis por 75% dos casos de feminicídio. As principais motivações são brigas e términos de relacionamento.
“Para além da responsabilidade individual, precisamos refletir sobre a responsabilidade do estado em tolerar que tantos feminicídios aconteçam. Já foram assinados tratados e já avançamos em algumas direções, mas ainda se permite a impunidade. E isso se dá ao não saber como esse crime acontece, não se fazer o devido registro, não qualificar juridicamente da maneira correta”, explica Edna Jatobá, coordenadora do observatório da segurança de Pernambuco.
Metodologia
Os dados do boletim são produzidos a partir de um monitoramento diário do que circula nos meios de comunicação e nas redes sociais sobre violência e segurança. As informações coletadas alimentam um banco de dados que posteriormente é revisado e consolidado.
A violência contra mulher é o terceiro indicador de violência mais registrado pela Rede de Observatórios, atrás apenas de eventos com armas de fogo e ações policiais — que tradicionalmente ocupam o noticiário policial.
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